Insónia: Poema Original “Qual Final”

Um poema original para fechar 2024

Insónia
2 min readDec 31, 2024
Photo by Leo_Visions on Unsplash

Essa passagem pelo qual me encaminho,

Essa viagem que faço sozinho,

Esse espaço a que chamo cantinho,

Esse exagero a que fujo de fininho.

A escolha que me escolhe primeiro,

A decisão que faz de mim derradeiro.

O desastre que me arrasta,

O vinho que define a minha casta.

Avançar sempre sem destino,

Avançar como único assassino.

Fugir do crime que cometi,

Fugir do que apenas eu senti.

Olhar a paisagem perdido no crime,

Olhar a paisagem arrastado pelo vime.

Viciado na única falha que cometi,

Viciado na única promessa que prometi.

Ouvir a tua voz nesse vazio,

Ouvir o silêncio sem definir um pio.

Agarrado a essa memória distante,

Agarrado a esse momento cintilante.

Tudo era tão simples e tudo tão completo.

Tudo terminou com tanto afeto.

Nada fez alguma vez tanto sentido,

Nada me lançou para a populaça como arguido.

Agora aceito a falha que cometi,

Agora sei que a ti fugi.

Sempre guardei a tua foto como uma memória,

Sempre te recordarei como parte da história.

Será que a felicidade me encontrará?

Será que alguém me alcançará?

Gritam os pássaros lá fora à desgarrada,

Gritam as crianças numa corrida desenfreada,

Alertam as senhoras com preocupação amarrada,

Alertam os pais de forma despreocupada.

Parece que o mundo voltou ao normal,

Parece que já todos deram o sinal.

Afinal, fui apenas eu que me preocupei demais.

Afinal, na vida não termina tudo da mesma forma.

Podem haver dois finais.

Pedro Barreiro

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