Insónia: Poema Original “Qual Final”
Essa passagem pelo qual me encaminho,
Essa viagem que faço sozinho,
Esse espaço a que chamo cantinho,
Esse exagero a que fujo de fininho.
A escolha que me escolhe primeiro,
A decisão que faz de mim derradeiro.
O desastre que me arrasta,
O vinho que define a minha casta.
Avançar sempre sem destino,
Avançar como único assassino.
Fugir do crime que cometi,
Fugir do que apenas eu senti.
Olhar a paisagem perdido no crime,
Olhar a paisagem arrastado pelo vime.
Viciado na única falha que cometi,
Viciado na única promessa que prometi.
Ouvir a tua voz nesse vazio,
Ouvir o silêncio sem definir um pio.
Agarrado a essa memória distante,
Agarrado a esse momento cintilante.
Tudo era tão simples e tudo tão completo.
Tudo terminou com tanto afeto.
Nada fez alguma vez tanto sentido,
Nada me lançou para a populaça como arguido.
Agora aceito a falha que cometi,
Agora sei que a ti fugi.
Sempre guardei a tua foto como uma memória,
Sempre te recordarei como parte da história.
Será que a felicidade me encontrará?
Será que alguém me alcançará?
Gritam os pássaros lá fora à desgarrada,
Gritam as crianças numa corrida desenfreada,
Alertam as senhoras com preocupação amarrada,
Alertam os pais de forma despreocupada.
Parece que o mundo voltou ao normal,
Parece que já todos deram o sinal.
Afinal, fui apenas eu que me preocupei demais.
Afinal, na vida não termina tudo da mesma forma.
Podem haver dois finais.
Pedro Barreiro